Estamos em final do ano de 1988 e, por esta altura, os tops
de vendas indicam que Ao Vivo – o triplo vinil de capa negra – é platina.
Isto foi há 30 anos!
Os Xutos guardaram o som e a atmosfera febril de três noites
intensas no pavilhão d’Os Belenenses, em pleno verão de 88, na meta de uma
frenética maratona de quatro meses a palmilhar a velha pátria.
Na última semana de novembro desse ano, finalmente era
lançado o primeiro álbum da banda com registo de palco. Intitulava-se Xutos ao vivo – ou simplesmente Ao Vivo.
O
triplo, o tão desejado e merecido registo ao vivo que há anos teimava em não
aparecer, chegou às lojas ao preço de um LP simples (Ufa! Ainda bem porque a
malta cá do burgo não é rica!), um exemplo - dos bons - deixado pelos Clash com
o seu Sandinista. E chegar ao Natal
com 3 rodelas de vinil cheiinhas de Xutos em concerto não era consoada comum.
A capa, assinada por Marco Sousa Santos, é preta com o nome
e o logo da banda apenas visíveis pelo relevo (nas capas da cassete e do CD surgem
em cinzento sobre o fundo preto). Neste álbum o X é uma variante bastante
alterada daquele que aparece no 88 e parece resultar do efeito distorcido
apresentado no interior da capa desse álbum, onde se vê o stencil usado para
desenhar o X circundado.
O destaque na capa vai para uma foto distorcida a
preto e branco, tirada em concerto por Pedro Lopes.
Nos 3
discos desfilam 28 temas que percorrem os primeiros dez anos da banda. Alguns
mais poderiam lá estar (pela vontade dos fãs caberia com certeza mais uma
dezena), sobretudo o Se Me Amas, que foi esquecido. Na versão CD apenas ficaram
19 músicas. Em cassete existe a versão completa, dividido em duas fitas e uma
versão mais curta, com 13 temas, também dividida por duas fitas.
O filme do Xutos Ao
Vivo foi exibido pela RTP já em 1989, em duas ocasiões.
Em 2009, a Universal ressuscita a histórica gravação numa nova edição que
inclui 3 CD’s com a totalidade do álbum e um DVD com o filme do concerto que a
RTP exibiu.
Assim terminava a primeira década de carreira dos Xutos & Pontapés, com um álbum bem representativo da força e do carisma da banda em palco. Ainda que este final de 1988 estivesse marcado por sérios problemas internos que são, aliás, conhecidos, importa é que para o seu público os Xutos estavam no lugar que mereciam e num grande momento.
Aquela que ”um dia haveria de ser a maior de Portugal” como alguém vaticinou nos primeiros dias, nos primeiros passos. já o era, por esta altura… melhor, já o era desde sempre, caramba!
A celebração dos 10 anos de carreira aconteceu pouco depois,
com um concerto em Gondomar, a 13 de janeiro, e outro em Braga, no dia
seguinte, marcado pelo acidente em palco que levou o Botas para o hospital.